“A conscientização da opressão ocorre, antes de qualquer coisa, pelo racial”
Lélia Gonzalez em seu livro “Por um feminismo Afro-Latino-Americano” (2020).

Dia 21 de março foi celebrado o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, uma data para reforçar a luta por igualdade, respeito e justiça.

🗓️Por que o dia 21 de março foi escolhido?

Essa data foi instituída em 1966 pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao massacre de Shapeville, na África do Sul. O massacre, que aconteceu na década de 60 e deixou 69 pessoas assassinadas e 186 feridas, foi um ato de violência perpetrado pelo Estado da África do Sul para reprimir o protesto pacífico de mais de 20 mil pessoas sul africanas contra a Lei de Passe. Essa lei, instaurada em 1945 por uma minoria branca, exigia que as pessoas negras portassem uma caderneta na qual informasse onde poderiam ir, sua cor, sua etnia e sua profissão. Esta era uma forma de controle do Estado em uma época em que seria marcada, a partir de 1948, pelo regime de Apartheid, separando a população por um critério de raça e marginalizando povos não brancos.

🤔 Por que é importante estabelecer uma data?
Diante de tantas formas de apagamento da história, da cultura e das lutas do povo negro e indígena, estabelecer uma data como a de 21 de março é um ato de resistência, não só de manter a memória viva, mas para criar momentos e espaços de discussão, de diálogo, de conscientização e de articulação política.

👉🏿Pessoas migrantes e refugiadas LGBTTQIA+ no centro desse debate

A discriminação racial é uma violência que atravessa corpos, histórias e existências de pessoas migrantes e refugiadas LGBTTQIA+ e cria obstáculos de acesso à emprego e renda, lazer, cultura e saúde. Em 2023, ano em que produzimos nosso Infográfico mapeando o perfil das pessoas atendidas pela LGBT+Movimento, 64,7% das pessoas se autodeclararam como racializadas. Essa classificação teve como base o agrupamento das categorias “preta, parda, mestiza, morena, indígina e latina”. Dentre essas pessoas, apenas 27,1% tinham acesso a emprego formal em 2023, o que mostra que a inserção no mercado de trabalho e a integração social é ainda mais desafiadora para pessoas racializadas migrantes e refugiadas LGBTTQIA+.

A LGBT+Movimento segue buscando incidir sobre essa realidade, prestando atendimento e acolhimento a essas pessoas, promovendo Incidência Política para transformar essa realidade, produzindo dados e fortalecendo o debate público na luta por uma sociedade antiracista.✊🏿

📚 Dica de leitura: Tornar-se negro, de Neusa Santos Souza

Compartilhar conteúdo:

Ir para o conteúdo